Você já ouviu falar em estresse tóxico infantil?
O estresse tóxico infantil acontece quando uma criança é exposta de forma intensa ou prolongada a situações de [abalo] adversidade ou experiências negativas. Esses eventos podem causar danos irreversíveis ao desenvolvimento neurológico, com consequências na saúde mental e física. Na infância naturalmente vivenciamos situações de estresse, como vacinação, nascimento de um irmão, início na escola.
Esses fatores são em geral positivos, porque permitem o desenvolvimento de habilidades de regulação emocional e solução de problemas. A toxicidade ocorre quando o evento ultrapassa a habilidade da criança para lidar com ele. Situações de violência verbal e física, negligência, conflitos familiares, doença, sobrecarga de atividades, estilos de vida pouco saudáveis, excesso de eletrônicos são alguns exemplos.
A exposição precoce e constante a esses eventos estimula a liberação do hormônio cortisol, provocando alteração nas conexões entre os neurônios e modificando a arquitetura do cérebro. Quanto mais tóxico, maior é o risco de consequências graves para a saúde a curto, médio e longo prazo: comportamento impulsivo, transtorno de hiperatividade, problemas de aprendizado escolar, bem como transtornos da conduta e abuso de substâncias na adolescência.
A incidência do estresse tóxico é alta na nossa população e a melhoria desse cenário depende de fatores sociais, educacionais e econômicos. Muitos pesquisadores defendem que a terapia familiar é a principal forma de abordagem e de prevenção do estresse na infância. A educação dos pais é tida como uma importante estratégia, uma vez que a família é o sistema que mais influencia o desenvolvimento infantil.
Dra. Ana Carolina Macedo