Meu Filho Não Come! O que fazer?

Meu Filho Não Come! O que fazer?

Ao redor do mundo, pesquisas indicam que 30% das crianças com desenvolvimento normal podem apresentar problemas com sua alimentação, essa porcentagem chega até 80% em crianças com alguma dificuldade de desenvolvimento.

Essa estatística assustadora, somada à pressão exercida pelos meios de comunicação, sociedade e profissionais de saúde para a importância de uma “alimentação saudável”, torna a vida dos pais de crianças com dificuldade para comer um verdadeiro martírio. “Por que meu filho não quer comer?” Na busca dessa resposta e pelo auxílio a seus filhos, pais passam por reais momentos de angústia, e buscam alternativas para solucionar o difícil problema do filho que não come ou que se limita a ingerir um número restrito de alimentos. Quase sempre sem saída, sentem-se culpados por fazer ou por não fazer. E seguem uma jornada de muita dúvida, incertezas, solidão e incompreensão.

Estimulante para apetite é a solução?

Acredite, quando a criança não come, oferecer estimulante de apetite ou alguma vitamina milagrosa, não resolve o problema. Na verdade, a situação vai além de um frasquinho que promete ”abrir” o apetite. É preciso ter um olhar amplo, para uma abordagem integral. Esse tipo de olhar permite um diagnóstico clínico preciso. Para isso, todos os aspectos da vida da criança, ambiente familiar, social e seu desenvolvimento, entram na conta. Assim, é possível descartar fatores que nada influenciam e identificar outros que tem relação com a questão alimentar.

É preciso ter um novo olhar ao tratar essa questão da criança que se recusa a comer, e pensar além da boca e do estômago. Durante a alimentação, a criança é nutrida de duas maneiras, pelo alimento oferecido e pela energia trocada com a mãe/pai ou cuidador, sentimentos são compartilhados nesse momento. Por isso, se a solução pensada for um estimulante de apetite, acredite, essa não é a solução.

Comer é um ato sensorial e um ato aprendido

Sim, comer apenas é instintivo na primeira semana de vida, depois disso, torna-se um comportamento aprendido, é preciso olhar para o ato de comer como algo complexo, e que envolve inúmeras experiências novas para a criança. . Pode parecer espantoso, mas comer é mais difícil que andar e falar. Lembre-se: nem todos os bebês reagem da mesma forma. Alguns bebês apresentam dificuldades sensoriais inerentes ao processo, e outros tem dificuldade de mastigação ou hipersensibilidade oral.

Comunicação importa!

Já pensou que atitudes vistas como ”birra” podem trazer uma mensagem? Atitudes como : Não abrir a boca, nausear, forçar o vômito ou até mesmo vomitar, chorar, empurrar a colher, engasgar, virar a cabeça, jogar os alimentos no chão, são formas de comunicação!

A criança pode estar querendo dizer :

  • Sinto-me desconfortável com esse alimento
  • Não consigo comer isso
  • Doí quando como. Não me sinto bem
  • Tenho medo de comer
  • Não quero assim, quero comer do meu jeito

A comunicação entre você e seu filho, fará toda a diferença no desenvolvimento alimentar. Estar receptivo aos sinais que ele transmite pode facilitar o processo de alimentação.

Existem algumas estratégias práticas de como os pais podem auxiliar seus filhos, compreendendo as etapas necessárias para superar o delicado desafio do filho que não come. Essas estratégias apresentam uma visão ampliada e integrada, visão essa que se diferencia por ir além das formas mais tradicionais de ver alimentação, compreendendo e incorporando o papel do significado pessoal, das crenças, atitudes, pensamentos, sentimentos e dinâmicas culturais e sociais na abordagem das questões alimentares de cada criança.

E lembre-se, seu filho é único!

Um Bjo

Dra. Kelly Marques Oliveira | CRM 145039

Você já ouviu falar em estresse tóxico infantil?

Você já ouviu falar em estresse tóxico infantil?

O estresse tóxico infantil acontece quando uma criança é exposta de forma intensa ou prolongada a situações de [abalo] adversidade ou experiências negativas. Esses eventos podem causar danos irreversíveis ao desenvolvimento neurológico, com consequências na saúde mental e física. Na infância naturalmente vivenciamos situações de estresse, como vacinação, nascimento de um irmão, início na escola.

Esses fatores são em geral positivos, porque permitem o desenvolvimento de habilidades de regulação emocional e solução de problemas. A toxicidade ocorre quando o evento ultrapassa a habilidade da criança para lidar com ele. Situações de violência verbal e física, negligência, conflitos familiares, doença, sobrecarga de atividades, estilos de vida pouco saudáveis, excesso de eletrônicos são alguns exemplos.

A exposição precoce e constante a esses eventos estimula a liberação do hormônio cortisol, provocando alteração nas conexões entre os neurônios e modificando a arquitetura do cérebro. Quanto mais tóxico, maior é o risco de consequências graves para a saúde a curto, médio e longo prazo: comportamento impulsivo, transtorno de hiperatividade, problemas de aprendizado escolar, bem como transtornos da conduta e abuso de substâncias na adolescência.

A incidência do estresse tóxico é alta na nossa população e a melhoria desse cenário depende de fatores sociais, educacionais e econômicos. Muitos pesquisadores defendem que a terapia familiar é a principal forma de abordagem e de prevenção do estresse na infância. A educação dos pais é tida como uma importante estratégia, uma vez que a família é o sistema que mais influencia o desenvolvimento infantil.

Dra. Ana Carolina Macedo

Bebês que não dormem e onde habitam?

Bebês que não dormem e onde habitam?

Outro dia estava conversando com uma puérpera de primeira viagem sobre como estavam as noites de sono e me deparo com essa pergunta “é normal o bebê não dormir, Dra?”. Estranhei a pergunta, como assim não dormir? Não dormir à noite toda?

Ela então me respondeu que o bebezinho estava acordando a cada 2/3 horas para mamar, e não conseguia descansar de jeito nenhum. E então eu entendi tudo. Bebês não dormem?

Com bebês recém-nascidos é assim mesmo! Claro, não é uma regra, existem bebês que realmente acordam menos vezes, porém para os recém-nascidos, o esperado é acordar várias vezes durante a noite para mamar mesmo. Não tem nada de errado com seu bebê, querida!

Durante os primeiros meses de vida, o pequeno está em constante desenvolvimento, constante adaptação ao mundo fora do útero. Toda essa mudança, esse “novo mundo” faz com que o bebê não esteja completamente confortável. Além disso, os primeiros 3 meses de vida são conhecidos como EXTEROGESTAÇÃO, ou seja, gestação fora do útero.

O que isso quer dizer?

O bebê ainda não sabe que está separado da mãe, que é um indivíduo independente. No útero, ele vivia confortável, protegido e quentinho. Fora do útero, no berço, mesmo com todo o conforto que os pais possam proporcionar, não é a mesma sensação, o que faz com que o soninho seja mais irregular.

Além disso, recém-nascidos tem mais necessidade de mamar. Ou seja, acordar mais vezes durante a madrugada é normal, e não existe nenhum problema (nada de leite fraco ou qualquer coisa assim). Nesta fase, é importante mentalizar o mantra do “vai passar”, e buscar alternativas para tornar o sono de seu filho mais confortável. Fiz um vídeo sobre isso no youtube, com 5 dicas imperdíveis para melhorar o soninho do bebê na exterogestação, clica AQUI pra acessar!

Mas Dra, meu bebê não é recém-nascido, e de uma hora pra outra simplesmente não dorme mais direito!

É salto de desenvolvimento ou não é? Quem acompanha o @pediatriadescomplicada sabe que falamos bastante sobre os saltos de desenvolvimento e picos de crescimento e o quanto essas fases podem afetar não apenas o sono do bebê, como o apetite e a rotina de todos na casa.

Durante esses saltos, essas aquisições de habilidades cognitivas e físicas, existe muita coisa acontecendo, e nem sempre o bebê consegue assimilar todos os seus aprendizados rapidamente. E o que acontece? Tchau, tchau para a rotina de sono.

Em resumo, de forma descomplicada: Até os 2 anos de idade, é normal que o sono do bebê tenha altos e baixos. Nos primeiros meses principalmente, e durante os períodos de maior aquisição de habilidades.

Dormir a noite inteira, sem interrupções, é um luxo nos primeiros meses de vida do bebê! Se você conseguiu, me conta aqui nos comentários (quero ver quantas mães tiveram o sono tranquilo nos primeiros meses com o bebê em casa).

E depois dos 3 meses doutora, o que acontece? 

Bom gente, depois tem salto, tem dente, tem regressão do sono, tem angústia de separação… São tantas coisas que podem atrapalhar o sono do bebê que não é fácil gente! O sono demora a amadurecer, assim como tantas habilidades do bebê… Leva TEMPO.
Entendeu agora porque bebês não dormem? Lembre-se: um bebê precisa de rotina, e com consistência, persistência e paciência é possível melhorar o sono sim!

Dra Kelly Marques Oliveira | CRM 145039